1. |
Fio a Par do Mal
02:28
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Fio a par do mal
Preso no todo que vai para lá…
Tanto de mim que ficou para trás.
Por um fio…
Preso num fio a par do mal que o faz soltar.
Preso por conta de andar por aí…
Tanto que eu quis acabar por ficar
Por um fio…
Preso num fio a par do mal que o faz soltar.
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2. |
Sangue Irmão
04:16
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Sangue Irmão
Movido pelo tumulto, bradei à terra trovões,
Investi contra os demais, faltou-me rédea e travões.
Coberto, a sós, em frio abrigo, protelando essa vastidão
De mundo que clama ao meu ouvido: liberdade pelo sangue, irmão!
Só para ficar para sempre, fiz-me existir remoto,
Dobrando as terras sofridas, travando as guerras dos outros.
Só por engano, o inimigo quis provar desse pão
Roubado à fome e embebido no amargo do sangue irmão.
Vem da cegueira, vem de uma miragem,
Os sinos dobram por quem está de passagem.
No fim, quem os fez dobrar?
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3. |
Homem Delírio
05:42
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Homem-Delírio
Homem-delírio sulca o detalhe
No qual o mundo limita o sonho,
E vem por fim semear outra ilusão.
Na aurora mansa, confirmo ter o teu coração de astro louco,
E teimo, por meu o pulsar da vida que corre em ti.
Sofro a derrota de ombros caídos,
Um quarto de lua clara sobre a cabeça,
E tanto mais sob as estrelas.
Na mão do servo curvado,
O labor cativo ordenha o leite à terra mãe,
E a boca tenra do filho prova o milagre em paz.
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4. |
O Estrangeiro
03:28
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O Estrangeiro
Ninguém sabe de onde vem para lá do rumor,
Escapou de luta ou de lei, exilado ou desertor?
Presta, o estrangeiro, o seu respeito.
Terra de paz descansa o peito.
Olha, a pesar a distância. Arde no cerne a memória.
Pelo murmúrio do vento, findou-se parte da estória.
Presta, o estrangeiro, o seu respeito.
Terra de paz descansa o peito.
Gente sofrida sabe honrar as estórias que custam a contar.
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5. |
Escombros
03:47
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6. |
Hera
04:07
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Hera
Distante, extremo, sem fim,
O céu tão longe daqui…
Prossegue, o cortejo de gala, rogando por um bem maior,
Nem um murmúrio relembra a tua voz, o silêncio é por nós.
Do abismo do ser,
Do que não tem lugar,
É preciso perder,
Abrir mão, libertar!
E rompe o acorde que o louvor final sustenta,
Escondido, o coração, defeso em dor.
A lembrança é uma hera
Que se abraça à primavera
E adormece na quimera,
Para além da noite.
A terra ressoa
A ária do mar, o verso ancestral,
A primeira trova,
A palavra mãe, o hino que ressoa…
(A lembrança é uma hera que se abraça à primavera)
Contem-se as pedras erguidas entre as ruinas.
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7. |
Só o Paraíso
03:21
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Só o Paraíso
Quando a horda se afastar,
O chão pode florir de novo
Entre os destroços da manhã
Na velha Canaã.
Sendo que o mesmo mundo
Esconde o paraíso,
O que é da vida na terra prometida?
No mesmo chão dorme a manada,
Alheia à escritura sagrada.
O mesmo deus nutre o rebanho,
Alheio ao seu tamanho.
Estrangeiro ao mesmo mundo,
Está o paraíso,
Vencido e moribundo,
Roga o paraíso,
Por outra vida na terra proibida.
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8. |
Valsa do Acaso
04:05
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Valsa do Acaso
Tinha tanto mais para dizer,
Que me calei no fim sem te contar o que passei.
Todas as palavras por escrever
Prometem mais que o livro que acabei.
Fiquei mudo à espera que o acaso
Te dissesse o que eu pensei.
Eu tinha segredos para contar,
Para partilhar contigo e que acabei por me esquecer.
Tenho-me deixado enganar
Pela vida e pelas mentiras que me andam a dizer.
Fiquei mudo à espera que o acaso
Te levasse a entender.
Tudo o que eu queria era abrir-te o coração,
Revelar-te tudo o que cobri na solidão,
Emergir da água toda a minha confusão,
Mas fiquei mudo à espera que o acaso
Te poupasse a omissão.
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Um Corpo Estranho Portugal
João Mota e Pedro Franco surgem como contadores de anti-estórias e são eles as duas metades deste agente sonoro que, em pleno processo simbiótico, se propõe alojar nos nossos ouvidos com a intenção assumida de nos legar alguns fantasmas que acreditam ser comuns a todos. ... more
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